Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2012

Regresso a casa

Meto a chave à porta quase sem fôlego. Por mais anos que passem, não consigo habituar-me aos três lanços de escadas, pedra mármore, degrau sobre degrau. Ao entreabrir-se, a porta range, na sua linguagem própria dá-me as boas-vindas. Volta, estás perdoada, dir-me-ia se fosse gente. As solas das botas coçam o tapete, antes de darem um passo em frente. Pé direito no soalho flutuante, depois o esquerdo e, quando a porta se fecha atrás de mim num ruído estridente, encho o corredor de alegria com os meus toc-toc-toc. As paredes estão felizes por voltar a ser brancas, agora que a luz se reacende. Têm vivido na penumbra, desde que há um par de anos lhes disse adeus, vou partir. O espelho, defronte à porta, dourado, cheio de rococós, não engana: o tempo passa. No reflexo, vejo projecções da jovem que um dia irrompeu porta adentro com uma bagagem carregada de roupa, de livros e de sonhos. Foi há quinze anos. Na altura, as janelas eram todas de madeira, com vidros pelo meio. Os puxadores rodav