Os amigos encontram-se na soma dos gestos. Uma dose de alegria e outra de sabedoria são quanto baste para que duas mãos se apertem na confiança do calor que as une. Um amigo pode nascer de uma palavra ou de um sorriso, de uma gargalhada ou de um acaso feliz. Ao encontrar um amigo há sempre uma janela que se escancara descortinando-nos a mente, permitindo que se revele o melhor de nós. Um amigo que nos descobre tem vocação de marinheiro, daqueles que ao longe avistam terra firme onde é seguro aportar. Os amigos têm mãos capazes de acariciar sonhos e asas para oferecer se quisermos voar. Um amigo é capaz de soprar até ser vento e transportar-nos mais alto ou mais longe, sempre mais e mais além. Não há amigos e amigos. Há amigos e inimigos. Os outros são conhecidos. Seres que partilham um espaço ou um tempo sem o compromisso da continuidade a que se chama amizade. Um amigo não é um ombro, é um travesseiro humano que nos embala e adormece as dores que a vida teima em nos infligir. Cair