A vida está a entardecer e tudo em mim é dor e cansaço, mascarados de riso. Há dias em que só penso tristezas, vasculhando baús de sonhos enrugados ao abandono da esperança. As páginas da vida resumem-se a umas folhas de habilidades que de pouco ou nada valem ao sustento. Entre defuntos e furtivos, os amores não passam de promessas nómadas de felicidade. Na escassez de moeda, a riqueza mede-se em saúde e nos amigos que persistem intemporais. Do lado de fora da casa, encontro a noite soprando lá fora. E cá dentro, crepitando, um ardor sem consolo, morrerá fingindo não existir.
por Cláudia Sofia Sousa