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Mensagens

A mostrar mensagens de 2017

Getsémani

Onde fica o teu monte das oliveiras? O teu oratório de agonias e prantos? O calvário onde morres todos os dias Antes da diária ressurreição?   Diz-me, onde fica o teu refúgio sagrado? Onde o silêncio te habita No confortável embalo Do colo invisível que te purifica Onde aguardas vigilante O dia mais esperado? O momento do reencontro com a verdade da vida? Diz-me, onde choras e oras? Rogando que chegue o instante da harmoniosa eternidade O ponto de partida para a paz em liberdade

À noite no chalé

Naquela noite, a natureza prendeu-nos nos braços um do outro. Não adianta fugir quando até a natureza nos empurra na direção da nossa vontade. Há momentos em que devemos ceder ao ímpeto do desejo e aceitar o inevitável. Esses são os momentos a que se chama viver. O resto é a passagem do tempo que nos permite crescer e aprender. É a preparação para os instantes de suprema felicidade que esperamos  durante anos. Enclausurados na escuridão da casa assombrada, os nossos olhos encontraram-se no clarão de um relâmpago, fazendo-nos estremecer como o trovão que se seguiu. E foi então que, num impulso magnético, as nossas bocas se colaram como ventosas. Nessa noite tenebrosa, ficámos imunes ao medo. E nada mais conhecemos senão o conforto do amor.

Aqui e agora

Neste lugar chamado tempo  onde tudo é incerteza e medo Tudo o que sou é espera e esperança Tudo o que tenho é carência e frio Tudo o que quero é tempo livre e paz Tudo o que espero é um futuro diferente Tudo o que sei é que nada é certo Tudo o que temo é que nada mude Tudo o que sonho é uma nova sorte

3 a 12 de novembro de 2017 - Olhão - III Encontro Internacional Poesia a Sul

Quando a avó me levava ao parque

Quando a minha avó me levava ao parque, eu tinha cinco anos e ainda sabia ser feliz. A avó levava sempre a minha mão bem apertada pelo medo de não me deixar fugir. Esses dias eram sempre finais de tarde de verão, daqueles que o Sol gosta de prolongar até que resolve esconder-se. Depois de jantar, lá íamos nós, rua acima, pela fresquinha – como ela dizia – agradada com a brisa que antecede o anoitecer. Lá em casa, jantávamos cedo, às seis da tarde já a comida estava na mesa. Era assim por causa do avô. Ele chegava das obras com a roupa e as botas pesadas de cimento e tomava sempre banho antes de ocupar o seu lugar cativo à mesa. Depois, com as mãos espessas e ásperas de tanto acartar baldes de massa, cortava uma fatia de pão. Vida dura a do avô. As obras começavam sempre cedo, sobretudo no verão, para fugir à braseira estival. Vida dura a da avó. Uma vida feita de espera e de cuidar dos outros. Mas nem um lamento. Daquela boca só saíam jóias e rebuçados. Daquelas mãos, só carinho. Da

Incontactável amor

Por mais que me esforce, não consigo lembrar-me quais as últimas palavras que trocámos. Talvez tenha sido apenas um sorriso triste, de mãos entrelaçadas sobre uma cama de hospital. A doença, como um aviso prévio, deu-nos o tempo para não deixar nada por dizer, nada por fazer. Todas as mágoas se desvaneceram, perante a imposição de um inevitável adeus. “É agora?”. Recordo-me de teres perguntado numa ocasião, ainda vagamente consciente, enquanto já esperavas pela morte com a certeza serena que sempre te admirei. Sem medo, revolta ou porquês, entregaste-te à morte como sempre te abriste à vida: destemido! “Quando a morte nos sorrir, só temos de lhe sorrir de volta”, repetias sempre. E assim o cumpriste. Talvez a nossa última palavra trocada tenha sido apenas esse sorriso, aquele que farei perpetuar na memória até ao último dos meus dias. Aquele que revejo nas molduras espalhadas pela casa com as quais insisto em conversar, sem nunca conseguir mais do que solitários monólogos. Aquele qu

5 de julho - Feira do Livro de Olhão

Informo os meus queridos amigos e leitores que estarei presente na Feira do Livro de Olhão , quarta-feira , dia 5 de julh o, pelas 19h , no Pavilhão Literatura Reunida , à conversa com o amigo escritor e editor Pedro Jubilot .  Para quem desejar, o meu livro "SobreViver" estará à venda e eu terei todo o gosto em cumprimentar e escrever dedicatórias a todos os que tiverem a gentileza de aparecer.   Marquem na agenda, quarta-feira , 5 de julho , 19h , no Jardim Patrão Joaquim Lopes em Olhão (junto ao mercado da fruta). 

Desabafos salteados

Em caso de dúvida, escolhe sempre despojar-te de ti. Desprende-te das amarras da tua egoísta vontade e opta por ficar onde podes ser mais útil. Não a ti, aos outros. Estamos aqui para nos servirmos​ uns aos outros e nessa benigna servidão fazer cumprir a nossa missão existencial. 

23 de abril - Fnac de Faro

O S obreViver  chega aos escaparates da Fnac de Faro , no Fórum Algarve , domingo , 23 de abril , Dia Mundial do Livro , às 18h . A apresentação do livro será feita pela escritora Ana Amorim Dias e João Pereira interpretará algumas leituras. E stão todos convidados. 

9 de abril - XIII Feira do Livro da Fuzeta

A convite da Associação Foz do Êta, o SobreViver está presente na XIII Feira do Livro da Fuzeta , com uma sessão de apresentação marcada para domingo, 9 de abril, às 15h , que será feita por Filomena Calão , na presença da autora. A entrada é livre. Estão todos convidados. 

29 de março - Faro

Dar testemunho

Há dois temas sobre os quais evito pronunciar-me: política e religião. Não porque seja contra nenhum deles, muito pelo contrário. Mas por haver sempre quem esteja disposto a contestar o que quer que se diga sem o menor conhecimento de causa. Falar mal só por falar. E isso entristece-me. Contudo, hoje, no primeiro domingo da Quaresma, no qual fui eleita para ser batizada na vigília Pascal, senti a necessidade de partilhar a minha alegria, dando o meu testemunho como (quase) cristã. Hoje, quero agradecer o ateísmo paterno que me impediu de receber o sacramento inconsciente do batismo infantil. Graças a essa liberdade de escolha, pude, em idade adulta, sem quaisquer pressões, decidir-me pela conversão ao cristianismo. Tal como o amor à primeira vista é impossível de explicar, quem encontra Deus não tem palavras para esclarecer o que sente. No meu caso, houve um momento de iluminação e reencontro com a paz interior que surgiu de um convite inesperado para entrar na igreja – local que nem

17 de março - Vila Real de Santo António

23 de fevereiro - Tavira