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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2009

Um dia perfeito

Hoje é Domingo. O primeiro dia de uma nova semana. Mas é como se fosse o dia zero, porque ao Domingo não há compromissos. O despertador não toca. O stresse matinal está de folga. O trânsito partiu para parte incerta. Não há reuniões, nem negócios importantes para selar. Hoje é dia de festa. É dia de tomar o pequeno-almoço à mesa. De rebolar nos lençóis fresquinhos e enterrar a cabeça novamente na almofada após o pequeno-almoço. De nos deixarmos afogar numa lassidão sem culpas. É dia de levar meia hora no duche a cantarolar. É dia de estrear roupa domingueira e sapatos novos. É dia de almoçar em família durante horas e horas. É dia de passear com os filhos e ter tempo para os ver saltar e sorrir. É tempo de termos tempo para reparar na sorte que temos por estarmos vivos e sermos gratos por isso. Hoje é Domingo. Hoje é um dia feliz. Hoje é um dia perfeito.

Fazer amigos

Não sei muito bem porquê, mas nunca fui muito boa a fazer amigos. Talvez por ser reservada. Talvez por ser prudente. Talvez por ser desconfiada. Mas já vivi grandes momentos com pessoas a quem passei a designar por amigos. Dei-me por inteiro, partilhei o impartilhável e acabei por sofrer. Ao perceber que um dia, no dia em que mais precisava, eles não estavam lá. Estavam longe, demasiadamente ocupados com os seus problemas para perderem tempo com os meus. E senti-me muito só. Mais só do que se nunca tivesse tido amigos. Porque tê-los mas eles não estarem lá, no momento certo, para o que der e vier, é o mesmo que nunca terem existido. E então, a desilusão dá lugar à dor, que dá lugar à indiferença, que dá lugar ao prazer da solidão. Começo a gostar de estar só. O gosto vai virando vício. O vício transforma-se numa silenciosa dependência. E chego ao ponto em que me sinto mais acompanhada quando estou só. E lembro-me de alguém especial me ter ensinado um dia: “ A pior solidão é a ausência

Medo do escuro

Confesso: Tenho medo do escuro. Só de pensar em apagar a luz, o sono foge. E sem pedir licença, o medo deita-se na cama comigo. Descarado, sem vergonha, seduz-me com palavras meigas e lenta e silenciosamente vai-me penetrando. Contra a minha vontade. Sinto-me violada. Ele vai entrando em mim e eu não quero. Mas, no entanto, deixo. Vou-me deixando consumir pelo medo. Tento reagir. Apago a luz. Está tudo escuro. Vejo sombras, vultos. Sinto um bafo quente, oiço passos. Quem será? Tenho medo. Não vejo nada nem ninguém. Estou apavorada. Luto, resisto. Não consigo. É mais forte do que eu. Acendo novamente a luz. O medo vence a batalha e sorri para mim. E eu, para não dar parte fraca, opto simplesmente pelo desprezo. Fecho os olhos e adormeço. De luz acesa. Sempre. Sempre que me sinto só.

Quarto de hotel

Adorava morar num quarto de hotel. Numa suite presidencial 5 estrelas. Daquelas onde os líderes mundiais pernoitam entre cimeiras. Regressar todos os dias a um sítio meticulosamente limpo e arrumado, onde o conforto paira no ar. Onde a cama está sempre feita, onde os lençóis estão sempre imaculadamente brancos. Pedir o jantar pelo telefone, saboreá-lo tranquilamente sem me preocupar em cozinhar, limpar ou arrumar o que quer que seja. Mandar recolher a loiça suja e descansar sem mais me preocupar com nada. Pedir à recepção que me desperte à hora certa e ser recebida pela manhã com um pequeno almoço repleto de iguarias deliciosas preparadas de antemão por alguém. Pedir mais café se me apetecer e partir para o meu dia de trabalho com a leveza de espírito que sempre desejei. Acabar com as demoradas idas ao supermercado, que apenas roubam tempo e dinheiro. Ter tempo - o maior luxo de que se pode usufruir - e aproveitá-lo a meu bel-prazer. Ler, escrever, devorar cinema, viajar e viver. Aprov

Falta de inspiração

Ligo o PC. Começo a teclar, mas não me ocorre nada. Estou cheia de palavras e vazia de assuntos sobre o quais me apeteça desabafar. Cansaço, preguiça, ou talvez um misto de ambas. Mesmo assim, vou contrariar esta inércia e continuar a escrever. Porque mesmo o facto de não me apetecer escrever sobre nada é por si só um tema válido para umas linhas. Estou sentada frente à TV a ver lamechices. Não tenho vergonha de o admitir. Paro, penso e continuo a teclar. Abateu-se sobre mim um súbito vazio de ideias que me deixa apavorada. Terei perdido o meu Dom? Mantenho a calma. Talvez seja apenas um bloqueio cerebral momentâneo. Vou ficar à espera que passe depressa. Enquanto isso, vou continuar a escrever coisas sem nexo. Escrever só por escrever. Escrever só porque gosto!