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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2014

35 de Abril

No dia 25 de Abril de 1974, eu ainda não estava. Por isso, não vou contar o que não vivi. Prefiro antes revelar o que sonho e sinto. Sonho com uma realidade evoluída, onde ninguém tenha de trabalhar com o esforço de um atleta olímpico para ser remunerado como um amador. Sonho com uma esperança de berço: que cada bebé que nasça seja um cérebro útil ao serviço do seu país. Porque, a cada geração que passa, os filhos vão sendo cada vez melhores que os pais, ou não fosse esse o objectivo único da humanidade. Nascer, aprender, melhorar e passar o testemunho. Sonho com uma geração que não sinta o dia 25 como se fosse o 35 de cada mês. Que não haja mais mês que salário, muito pelo contrário! Que o trabalho tenha um preço justo e adequado ao saber fazer de cada um. Sonho com um país que - como li algures há dias - deixe de fazer famosa tanta gente estúpida, remetendo ao anonimato os que realmente conquistam feitos geniais. Enfim, perdoem-me o desabafo de meia-noite, mas é o que sonho e

Reportagem # 7

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 24 de Abril 2014

Reportagem # 6

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 17 de Abril de 2014

Mensagem de condolências

Perder a mãe é uma amputação. É sentir a morte arrancar-nos um membro à dentada. A partir daí, tudo será como aprender a fazer tranças com uma só mão. No início, vai parecer impossível. Será como caminhar com uma só perna. Coxeando e caindo, sem ter quem nos apare. Viver sem mãe deve parecer-se a caminhar sem chão. Escrevo no domínio da suposição, porque felizmente não sei o que isso é. Provavelmente, se a lei da vida não atraiçoar as contas, um dia essa dor irá tocar-me. Que buraco fundo a falta de um mãe consegue escavar! De um pai sente-se a falta. Muita. Mas uma mãe sai de nós como um dia saímos dela: com um grito de parto. Um dia, quase todas as mães juraram não aguentar as dores de um outro corpo a sair do seu. Assim serás, minha mãe. Quando partires, vais deixar-me de herança um longo trabalho de parto. Sozinha, terei de parir forças para suportar esta vida sem ti. Se ao menos pudesses dizer-me onde reencontrar o calor das tuas mãos…  (Dedicado a uma mãe-coragem que ontem

Reportagem # 5

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 10 de Abril de 2014

Desejo de renascermos juntos

Para ti, "belo adormecido". Sinto-me como se, num dado instante, tivesses depositado em mim uma semente chamada encanto, que a cada lágrima se rega e cresce, criando rebentos que não param de ramificar. Cresces em mim como um desejo de reencontro com algo que nasci para conhecer. Se possível fosse engravidar os pensamentos, isso seria o que estou a sentir. Quanto mais penso, mais cresces em mim, como um filho que um dia terá imperativamente de nascer. Esse dia será um milagre. E nós, que não somos santos, cederemos ao prazer da carne, regressando às origens, como se a vida nos desse uma segunda chance para renascer.

Reportagem # 4

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 3 de Abril de 2014

Matéria-prima

A palavra é o meu tijolo. Arremesso-a todos os dias, não para erguer muros mas para construir pontes, elos de ligação entre as pessoas. Gosto de palavras firmes que não sejam rígidas. Não gosto de palavras duras, feitas de pedra. Gosto delas suaves, parecidas com plasticina, as que se deixam moldar à situação e têm o efeito balsâmico de um abraço. Todas as palavras deveriam ser usadas para unir, erguer, construir. A amizade é uma palavra funda: dentro dela cabe um poço de palavras. O amor é uma palavra-mistério: todos o sentem, ninguém o viu. É como o vento, atravessa-nos o corpo, desarruma-nos as ideias e lá vai, voltando sempre, inesperado, voando selvagem. A palavra é o esboço de quem não sabe desenhar. Aos olhos de um escritor, todo o mundo é um puzzle de palavras encaixadas, onde sempre faltam ou sobram peças. Toda a palavra pode, toda a palavra muda. Por isso, lança as tuas palavras. Mesmo baralhadas como as cartas, elas têm poder. Ao não as usares, abdicas de ser quem és, e e