Enquanto se queima um cigarro no sereno, sobra tempo para rever o dia que ficou para trás como uma página virada. A manhã começou bem cedo com a euforia que antecede uma festa. O Luís faz seis anos e todos os colegas da sala estão convidados. Para muitos uma festa de aniversário já não é novidade, mas há uma menina estreante nestas andanças que não consegue esconder o entusiasmo latente. Passeia-se pela casa de saco na mão, impaciente pela chegada da hora. “Ó mãe, vamos já?”. A mãe responde que é só mais à tardinha, à hora do lanche. No interior do saco há um presente escondido pelo papel de embrulho: uma surpresa para o Luís. Será que vai gostar? A menina questiona-se, curiosa por saber o que sairá lá de dentro, como se a prenda fosse também para ela. Todas as crianças adoram presentes. Como se nunca tivessem deixado de ser crianças, todos os adultos adoram presentes, mas habituaram-se a dizer que “não era preciso nada”. Era pois. Afinal, cada dia é uma dádiva, daí que lhe chamemos
por Cláudia Sofia Sousa