Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2010

Um pão chamado bolo

Mal acabo de me sentar à mesa para aquela que seria a minha primeira refeição na Ilha da Madeira, sou violentamente confrontada com um cesto de pão. Uma massa quente, estaladiça por fora (meio esturricada até) e fofa por dentro, emana um salivante aroma. “ É o famoso bolo do caco” – apressa-se a esclarecer o empregado de mesa, com o visível orgulho de quem introduz um ex-líbris da região a toda a gente com aspecto de turista. “Com manteiga de alho é muito bom”, acrescenta, com o seu sotaque tipicamente madeirense, enquanto aponta discretamente para uma manteigueira de loiça que se destaca sobre a mesa. Descobrirei mais tarde, após experimentar mais de uma dezena de bolos do caco, todos em sítios diferentes, que este primeiro seria o meu preferido, exactamente por não vir recheado do que quer que fosse. Serei louca por toda a minha vida ter adorado comer pão às secas? Juro que adoro, não me perguntem porquê. Chego a ficar com soluços, por empurrar com insistência, movida apenas por sali

Uma praia de pedras rolantes

Cinco da tarde de um dia ameno de final de Agosto. No regresso ao hotel, após um dia de longos passeios pela cidade do Fuchal, improviso um novo percurso. Desemboco numa ruela que me conduz ao mar. Encostada ao corrimão cimeiro onde acaba a rua e começa a praia, assisto deslumbrada a um espectáculo inédito e gratuito. Dezenas de crianças saltam e gritam, raiando felicidade enquanto chapinham à beira-mar. Um cenário perfeitamente normal, não fosse tratar-se de uma praia onde os pés, em vez de areia macia e dourada, pisam calhaus. Duras e frias pedras vulcânicas, de tom escuro, onde se sobrepõem toalhas e corpos molhados sobre elas, como se de um confortável colchão se tratasse. Ao ver a felicidade genuína daqueles meninos, ao deixar-me contagiar por ela, consigo confirmar que de facto a felicidade vive guardada, escondida até, dentro das mais pequenas coisas. Felizes dos ignorantes, sempre ouvi dizer… e tem o seu quê de verdade. Aquela praia, a única que conhecem e que alguma vez tiver