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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2014

Reportagem # 3

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 27 de Março de 2014

Dá tempo ao tempo

"About time", Richard Curtis, 2013 Um filme que vi há dias inspirou-me o tema. Até porque nunca houve conselho mais sábio que me agastasse tanto. Porque viver implica esperar, crescer para aparecer. Não somos a casa pronta, chave na mão. Nascemos um edifício vazio que a vida vai mobilando. Com a idade, nós casas, vamos crescendo, ganhamos divisões. O mobiliário, esse, vai chegando a conta-gotas, com o passar do tempo. Uma tragédia aqui, uma alegria ali, uma descoberta acolá. A aprendizagem começa por exibir-se nua e acaba fechada em gavetas, como os objectos que possuímos, muitas vezes sem saber porquê, tantas vezes sem saber para quê. Adiante, tudo acaba por fazer sentido. Nada acontece cedo nem tarde demais. Nós é que vivemos na eterna esperança em que algo nos aconteça já. Ou, por vezes, simplesmente não vivemos, temendo o que nos possa acontecer. E se pudéssemos voltar atrás, àquele instante que determinou uma mudança na nossa vida, e fazer tudo de novo, de outra man

Reportagem # 2

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 13 de Março de 2014

Reportagem # 1

"Dica da Semana", edição regional Algarve, 13 de Março de 2014

Parto sem dor

11 de Março de 2008, berçário do Hospital de Santa Maria, Lisboa  Fui a conduzir para o hospital. Não suspeitava que pudesse ter de passar lá a noite, por isso levava como única bagagem a discreta barriga de oito meses. A tensão a subir, eram só uns exames de rotina a pedido do médico, pura precaução, afinal “ainda falta muito tempo”, pensava eu. Estava longe, muito longe de imaginar que daí a poucas horas estaria em pânico com uma bebé prematura nos braços. Fui mãe sem dores de parto. Lamento até hoje desconhecer o significado de uma contracção. Fui poupada ao ridículo de me ver com uma poça de água aos pés, como se urinasse sem sentir. Não, eu não sei. Sou mãe sem conhecer os gritos de dor dos partos romanceados. Acordei de uma anestesia geral, recordando-me lentamente quem era e onde estava. E poucos minutos depois, ainda atordoada e dormente, vi entrar uma enfermeira com um bebé nos braços. “Acho que é sua!” – Disse-me, em tom de brincadeira. Sem saber ainda o que fazer ou pen

Dom Casmurro

"Dom Casmurro", Machado de Assis, edição Dom Quixote Há mais de dez anos que adiava a leitura deste livro. Sabia-o importante, mas a edição que tinha em casa era de letra miudinha, pouco convidativa aos olhos. No início do ano, esbarrei com esta capa da Dom Quixote numa prateleira da FNAC e Dom Casmurro escolheu-me: leitora, tens de me levar contigo! "Um dos 1000 livros que todos devemos ler", destacava um autocolante vermelho, a título de recomendação do "Guardian".  Ao chegar ao fim das 309 páginas deste clássico da literatura brasileira, escrito por Machado de Assis no final do século XIX, editado em 1900, sinto-me mais culta e rica em palavras. Sem utilizar vocábulos caros, a linguagem de Machado de Assis é acessível e cativante do princípio ao fim. O romance está organizado em 148 minúsculos capítulos de 1/2 páginas, o que proporciona uma leitura fluída e contínua muito agradável. A história de amor de Bentinho e Capitú vai sendo narrada por

Livro em branco

Era uma vez nós dois Num encontro imprevisto O encanto aconteceu Não mais nos vimos depois E a saudade foi pousando Dor leve que vai pesando Foi o que sentimos os dois Treinando o esquecimento Nossos dias vão passando Tentando varrer soprando O mais nobre sentimento Era uma vez nós dois Assim começa a história Que nos cabe inventar Até ao fim da memória