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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2013

Depois de nós

Os filhos Vontades próprias que nascem em nós Jorrando sangue, rasgando carnes Fazem-se ouvir Num choro que abafa o grito São alegrias de curar dor Ecos de continuidade Nós depois de nós A vida que fica Depois de sermos só silêncio

O sensual “Desfado” de Ana Moura

De vestido negro cingido, cabelo negro comprido, ela entra em palco e faz-se silêncio, que se vai cantar o “Desfado”. Se este último álbum de Ana Moura é um sucesso mundial, que a consagra definitivamente, não é por acaso. Num estilo muito singular, ela consegue literalmente desconstruir a melodia tradicional do fado, preservando a sua essência. A receita de tamanho sucesso, quanto a mim, é uma mistura explosiva: o calor da voz grave, o jeito sensual de um corpo que se bamboleia discretamente ao ritmo da música e uma simpatia de sorriso sempre rasgado. A tudo isto, soma-se ainda a poesia intensa e vibrante de cada letra e, na actuação ao vivo, o mérito dos músicos que a acompanham em palco. Além da guitarra portuguesa, um baixo, um piano e uma bateria são os instrumentos a que voz de Ana Moura se encosta para fazer nascer canções de indiscutível beleza, que proporcionam a quem ouve momentos de raro prazer. Ontem à noite, no auditório municipal de Olhão, o meu corpo confirmou com a

"O mordomo"

Nota: Não sendo este o cartaz promocional português, foi o que mais gostei.   Cecil é o narrador da sua própria história. Em analepse, recorda a longa jornada do menino negro que, após assistir ao brutal assassinato do pai, pelo gatilho do patrão branco, lhe cabe em sorte passar a ser “preto de casa”. Poupado aos trabalhos forçados dos campos de algodão, o rapaz esmera-se em aprumos na serventia doméstica. E será por mérito reconhecido a olho nu que, mais tarde, num hotel de luxo, alguém o referenciará para servir a Casa Branca. Com uma postura irrepreensível, será o fiel mordomo de oito presidentes dos Estados Unidos. Pelo meio, vive desavindo com um filho que luta pelos seus direitos e perde o outro na guerra do Vietname. Dos anos vinte do século passado até à eleição de Obama, “O mordomo” é uma breve lição da história recente dos Estados Unidos, com todo o enfoque no conflito racial, que dividia as pessoas como hoje separamos a roupa para lavar na máquina: os brancos e os de c

Anos apressados

Nasci tarde demais Num corpo de trinta anos E eu que tinha tantos planos Despertei tarde demais Para desfazer desenganos E eu que tinha tantos planos Tantos e cada vez mais Cresci cedo demais A correr pelos anos A passos largos, sem vagar Afinal eram tantos os planos Tantos que não podiam esperar