A data diz-me que cheguei aos quarenta. Mas o espelho e a balança do tempo não o confirmam. Ainda experimento, vejo e sinto uma estranha leveza. Os anos ainda não me pesam e o que a idade me ofereceu é tanto mais do que a passagem do tempo naturalmente me roubou. Aceitar deixou de ser um verbo de conjugação resignada: agora é sinónimo de sabedoria. Tenho tanto para fazer, tanto para dar, tanto que ainda gostaria de receber. Mas os dias cavalgam a uma velocidade furiosa e eu já só procuro a harmonia suave e perfeita de cada instante. Mais dia, menos dia, mais ano, menos ano, tudo irá conspirar para que a minha missão se cumpra. Se não foi, não era para ser. Se não acontece é porque não tinha de acontecer. Caminho para um tempo no qual até o caos é perfeição, se observado à lupa da serenidade do olhar. A vida não se acalmou. A quietude é que me abraça os gestos, agora fortalecida pelos ensinamentos. Nesta juventude tardia da existência, estabilidade continua a ser um conceito abstrat
por Cláudia Sofia Sousa