Havia dias que não trocavam uma só palavra. Comunicavam por gestos, monossílabos quase imperceptíveis, fazendo um enorme esforço para que nem os olhares se cruzassem. Estavam desavindos, de sentimentos às avessas, magoados por excessos de palavras que nunca deveriam ter dito. Depois de tantas e tantas discussões, reinava entre eles um silêncio de morte, um vácuo que encerrava uma dor profunda. Quando voltavam as costas, cada um para seu lado, não eram capazes de conter o choro. Um aperto no peito parecia ser capaz de espremer o coração que pouco a pouco se dissolvia em água. Nem um, nem outro avistavam futuro para além do dia de amanhã. Apesar de não o desejar de forma alguma, cada um à sua maneira estava certo que tudo o que um dia os unira teria chegado ao fim. E a sensação de nunca mais era insuportável. Nunca mais te vou beijar. Nunca mais te vou sentir. Nunca mais vou poder acreditar que haja o que houver ficaremos juntos para sempre. Nunca mais… Ambos estavam longe de imaginar
por Cláudia Sofia Sousa