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Sou o que sou


Se ao menos alguém me conseguisse explicar a lógica de funcionamento deste espaço chamado Mundo. Mas não, até hoje não houve vivalma que me desse uma justificação plausível para certas atitudes do ser humano. Ser humano, mas o que é isso afinal de ser humano? É ser mais do que bicho? Ser mais em que aspecto? Não seria mais fácil limitarmo-nos a viver como a maioria dos animais, movidos a instintos e necessidades básicas? Ah não, nós somos mais inteligentes. Criámos regras para depois não as cumprirmos. Somos sensíveis, pois é. Inventámos sentimentos para depois passarmos metade da vida a fugir deles e a outra metade a escondê-los garganta abaixo ou olhos adentro, afogando lágrimas secas que temos vergonha de despejar. Temos medo de ser apenas o que somos. E o que somos nós? Somos aquilo em que acreditamos. Não somos o que gostaríamos de ser ou ter sido, de fazer ou ter feito, de ter tido ou vir a ter. Somos a soma de todas as escolhas que fazemos ou deixámos de fazer. Vencedores ou vencidos, depende da perspectiva. Voa mais quem está no topo de asas amarradas ou quem lá de baixo olha o céu e é livre de sonhar como deve ser bom voar? É preciso coragem para ser livre. É preciso audácia para escolher continuar livre, renunciando aos acenos de promessas de ouro que não são mais que presentes envenenados à porta da prisão. O problema é que já quase ninguém acredita em nada e por isso quase  ninguém chega a ser alguém. Nascemos com a dádiva da grande oportunidade: podemos ser o que quisermos. E no que é que nos tornamos? Naquilo que o mundo quer fazer de nós, qual ferro malhado a quente. Impor uma vontade é como dar um grito que ninguém quer ouvir. Dizer não, custa. O não sabe mal aos ouvidos. Parece feito de pregos que se vão espetando a martelo. Mas quando é essa a minha vontade e o não me sai como um alívio de gases soltos, o meu ser dá pulos de alegria porque finalmente decidiu assumir-se. E nada mais me importa quando consigo ser apenas tudo aquilo em que acredito.     
 

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