Cinco da tarde de um dia ameno de final de Agosto. No regresso ao hotel, após um dia de longos passeios pela cidade do Fuchal, improviso um novo percurso. Desemboco numa ruela que me conduz ao mar. Encostada ao corrimão cimeiro onde acaba a rua e começa a praia, assisto deslumbrada a um espectáculo inédito e gratuito. Dezenas de crianças saltam e gritam, raiando felicidade enquanto chapinham à beira-mar. Um cenário perfeitamente normal, não fosse tratar-se de uma praia onde os pés, em vez de areia macia e dourada, pisam calhaus. Duras e frias pedras vulcânicas, de tom escuro, onde se sobrepõem toalhas e corpos molhados sobre elas, como se de um confortável colchão se tratasse. Ao ver a felicidade genuína daqueles meninos, ao deixar-me contagiar por ela, consigo confirmar que de facto a felicidade vive guardada, escondida até, dentro das mais pequenas coisas. Felizes dos ignorantes, sempre ouvi dizer… e tem o seu quê de verdade. Aquela praia, a única que conhecem e que alguma vez tiveram oportunidade de pisar, é e sempre será a melhor praia do mundo para aqueles meninos, até que um dia possam experimentar o conforto de uma praia de areia branca, amarela, dourada ou uma mistura de todos esses tons num só. De facto, nunca percebi muito bem de que cor é a areia da praia… Mas isso agora não interessa nada.
por Cláudia Sofia Sousa
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