Conhecer-te é também conhecer-me. Entendo melhor os meus actos à luz das tuas reacções. Nas adversidades que ultrapassamos, descubro sempre novos limites e limitações, forças ocultas e fraquezas emergentes. Quero acertar o passo com a vida. Dançar mais e correr menos. Construir futuros acertados anulando erros passados. É em ti, como num espelho, que melhor me revejo. Para o bem e para o mal. Ensinas-me a ler pensamentos e a adivinhar vontades, a antever medos e a suportar fragilidades. Um amor, quando nasce, abre caminhos, quando cresce, faz florescer trepadeiras infinitas de chegar sempre mais alto e mais longe. É na distância que mais te encontro, em toda a falta que me fazes. A vida está cheia de estranhas réguas de medir sentimentos. Sei mais de mim sempre que te reconheço um erro. Hoje sei que errar é o pretérito imperfeito do verbo aprender.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...

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