De
repente, pareceste-me tão pequeno. Era como se tivesses encolhido e voltado a
ser criança. Ali, aninhado no meu colo, com o peso dos problemas suspenso no
meu regaço, ressonavas baixinho, inspirando tranquilidade. Nunca tínhamos estado
tão perto do amor. Eu podia tocá-lo ao de leve com a ponta dos dedos. Desenhava-lhe
todas as formas, contornando-as. Queria fixá-lo para sempre na forma dos teus
lábios, no desalinho das tuas sobrancelhas, na suavidade tenra das tuas orelhas
adormecidas. De quando em vez, vergava a minha boca ao encontro da tua testa,
fazendo um beijo tocar-lhe como uma pena. Respirava-te e suspirava, na certeza
do fim iminente daquela paz tão confortável, tão difícil de manter. Dorme um
sono grande, meu menino. Em mim, sem pressa e sem medo, poderás sempre
repousar.
por Cláudia Sofia Sousa
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