O que mais importa, não é o lugar,
é a companhia. Será dia de festa sempre que estivermos juntos, seja qual for a
data no calendário. Celebrar as doze badaladas é tão pouco quando os nossos
corações não podem dançar. A música que toca embala-nos os sentidos e
adormece-nos o pensamento. Os sonhos procuram sempre a escuridão para nascer.
No novo dia de um ano novo despertaremos com asas. Ao amanhecer saberemos voar
na direcção certa do amanhã. Quando formos mãos e lábios colados, seremos a celebração do
que mais importa.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...

Comentários
Enviar um comentário
Se gostou deste artigo, ou tem uma palavra a acrescentar, agradeço imenso que deixe o seu comentário.