Gostava de saber dizer tudo o que és e o que
significas para mim. Mas todas as palavras me parecem tão pequenas que te abreviam.
Ao olhar-te, neste amor crescente que só as mães conhecem, ainda me espanto com
a grandeza do milagre que fui capaz de gerar. Todos os dias me ajudas a revelar
o melhor de mim. Ensinas-me a paciência, ao ritmo das brincadeiras que nunca podem
esperar. És criança agora e tenho de aprender a respeitar esse tempo, efémero e
irrepetível, do qual vou ter tantas saudades. São as tuas prioridades que pautam
as minhas rotinas. São as tuas vontades que despertam a minha energia. Todos os
dias confirmo que para uma mãe não há limites de força e coragem. E quando me
sinto fraquejar, és o meu ombro e o meu colo e a mão que me resgata para a
vida. A paz do meu sono depende unicamente do doce respirar da tua pele. É
assim que me despeço dos dias. Inalo-te e adormeço feliz, há oito anos.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...

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