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Madeira marca a diferença

Repetir uma viagem é como rever um filme ou reler um livro. À primeira vista escapam-nos sempre os pormenores. Captamos o essencial, apreciamos o que há de belo e desejamos regressar sempre que as memórias que sobram mereçam ser guardadas para sempre. Queremos regressar, uma e outra vez, aos locais onde fomos felizes, tal como ansiamos rever as pessoas que um dia nos fizeram felizes. Talvez por isso tenhamos sido capazes de inventar a palavra saudade. Uma imperiosa necessidade de recuperar memórias de dias felizes fez-me regressar à ilha da Madeira, um ano depois de lá ter estado pela primeira vez. A euforia da chegada, que anteriormente senti, cedeu lugar à confiança de já saber onde me encontrava. O clima ameno perfeito, o mar a perder de vista e o verde tropical sempre tão eléctrico, parece querer iluminar tudo em redor. Assimilado o essencial, decidi focar-me nos pormenores. E, em tempos de crise, quando em redor da protecção dos produtos nacionais gira uma enorme celeuma, não pude deixar de notar como o povo madeirense é perito na defesa das suas marcas. Publicidade à parte, no Funchal a cerveja é Coral. E quando nos sentamos à mesa, nem nos questionam alternativas. E nós acabamos por agradecer. A qualidade da cerveja produzida desde 1969 na ilha da Madeira satisfaz até os mais exigentes apreciadores. À pressão ou engarrafada, a marca é líder em toda o canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés). Esta curiosidade levou-me a explorar a marca e a surpreender-me ainda mais. Assediada por anúncios vários, decidi provar uma Brisa maracujá - um refrigerante gasoso. Fresco, exótico, ligeiramente doce, com um toque não excessivo de gás. Descobri mais tarde, que este foi o 1º refrigerante do mundo a ser produzido à base de sumo de maracujá puro, corria então o ano de 1970. Visionários, inovadores, pode dizer-se que os madeirenses cedo souberam tirar partido do melhor que a terra tinha para lhes oferecer. A fruta da paixão, “passion fruit” como os ingleses lhe chamam, constitui um dos ex-líbris da ilha, a par com a tão aclamada banana da Madeira. A água engarrafada, que se bebe em toda a parte, também é extraída e embalada na região. Desde 2002 que a ERC (Empresa de Cervejas da Madeira) se lançou no segmento das águas. Nos dias que correm, a marca Atlântida – uma água subterrânea captada a partir de rochas basálticas - lidera o consumo a nível regional. E a identidade das marcas que definem o carácter da ilha emergem ao virar da esquina, estejam os nossos olhos bem abertos. Não há táxi que não esteja pintado de azul e amarelo, as cores da bandeira da região autónoma. E por falar em autonomia, não há lugar para a EDP nesta ilha. A energia eléctrica é garantida pela EEM – Empresa de Electricidade da Madeira, conforme se pode ler nos tampos que cobrem os buracos redondos ao longo das estradas e passeios. Numa altura em que só se fala da Madeira pelas piores razões, apetece-me enaltecer, em honra do esforçado e trabalhador povo madeirense, as marcam que marcam a diferença no panorama económico da região. Madeira: o que faz, faz bem – é o mote que desejo lançar na despedida, em jeito de estímulo para todos os que conseguem fazer da Madeira um pequeno grande paraíso, logo ali, aqui tão perto.
Nota: referência bibliográfica - www.cervejacoral.com.

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