Acordei com a vontade faminta que a noite não
soube adormecer. Comecei as tarefas do dia sem conseguir repousar a distracção.
Estavas em cada objecto como um fantasma. Vejo-te mas não estás ali. Imagino-te
apenas, mas tanto me pesa carregar-te para todo o lado. Preciso descarregar-te
de mim. Hoje quero depositar-me num abraço teu, como quem cai num poço sem
fundo. Vou procurar-te na surpresa que não esperas. Fazer-te borbulhar no
descontrolo do medo. Vou encontrar-te na rua dos amores-perfeitos, quase às
portas do céu. Vais poupar nas palavras, fixar-te na atenção dos outros sentidos.
Quando me vires, serei toda contornos e cores, pele suave e cheiro doce. E tu
serás a felicidade disfarçada numa vergonha infantil. No momento em que os
teus olhos e os meus olhos se encontrarem num sorriso, seremos um instante para
sempre. Dois corpos que se amam num alívio apertado. Um abraço que é um aperto
de silêncios, o reencontro sonhado com a outra metade de nós.
por Cláudia Sofia Sousa
Comentários
Enviar um comentário
Se gostou deste artigo, ou tem uma palavra a acrescentar, agradeço imenso que deixe o seu comentário.