"About time", Richard Curtis, 2013 |
Um
filme que vi há dias inspirou-me o tema. Até porque nunca houve conselho mais
sábio que me agastasse tanto. Porque viver implica esperar, crescer para
aparecer. Não somos a casa pronta, chave na mão. Nascemos um edifício vazio que
a vida vai mobilando. Com a idade, nós casas, vamos crescendo, ganhamos
divisões. O mobiliário, esse, vai chegando a conta-gotas, com o passar do
tempo. Uma tragédia aqui, uma alegria ali, uma descoberta acolá. A aprendizagem
começa por exibir-se nua e acaba fechada em gavetas, como os objectos que
possuímos, muitas vezes sem saber porquê, tantas vezes sem saber para quê. Adiante,
tudo acaba por fazer sentido. Nada acontece cedo nem tarde demais. Nós é que
vivemos na eterna esperança em que algo nos aconteça já. Ou, por vezes, simplesmente
não vivemos, temendo o que nos possa acontecer. E se pudéssemos voltar atrás,
àquele instante que determinou uma mudança na nossa vida, e fazer tudo de novo,
de outra maneira? É esta a pergunta que levanta o filme “Dá tempo ao tempo”,
uma história que alterna, de forma equilibrada, entre a comédia e o drama, estimulando
a reflexão. Ao chegar ao fim, o jovem Tim acaba por descobrir que, apesar do
seu super-poder de viajante no tempo, não é preciso grandes manobras para a nossa vida ser exactamente
aquilo que deveria ser: de certa forma, perfeita à sua maneira.
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