És
como eu gosto. Que me importam outros olhos e outras vozes. Somos todos sempre
mais do que fazemos parecer. Quero abrir o saco que carregas e espreitar lá
para dentro. Por entre os destroços da vida, posso sempre tentar descobrir tesouros. Os teus gestos têm as cores da Primavera e enchem os meus dias de flores. Os
teus abraços têm cheiro de paz e o aconchego sonhado nos Invernos. Conseguimos
ver o mundo pela mesma lente e somos capazes de olhar juntos na mesma direcção.
Tantas vezes, para quê complicar. Para acreditar, basta sentir. A cada ausência
tua, sinto-me adoecer de saudade. Sou vítima indefesa daquele bichinho que se
alimenta de migalhas de coração. Quando, à tua
passagem, todas as portas se abrem, todas as luzes verdes se acendem, a vida dá-me
um sinal: é hora de avançar, sem olhar para trás. Tudo o que nos faz sentir e ser
pessoas melhores, também pode ser amor.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...

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