Sinto
mais do que sou. Há um amor que me transborda e transcende. Um sentimento que me
esvazia e ao mesmo tempo me preenche. Prisioneira do silêncio, uma palavra tua
e serei salva. Não importa onde estás e o quanto te demoras. A minha paz nasce
da certeza que existes. Fecha os olhos e escuta a força do meu pensamento. Somos
dois focos de luz que na mesma direcção se fundem e ampliam. Só tu me conheces.
Só tu me compreendes. Só tu me podes libertar do aperto triste que o meu peito
carrega. Vem abraço fraterno, princípio de tudo, que nada teme ou receia.
Aperta-me confiante neste amor maior. Maior que a vida. Maior que a morte. Maior
que o tempo que conta a história dos homens.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...

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