Os hábitos moldam-nos. Limitam-nos os desejos e as vontades.
Nada é mais seguro e tranquilo que viver no casulo. Mas o Mundo gira, o tempo
voa e sempre chega a hora da borboleta. Chama-se efémera, o nome do tempo que
dura a felicidade. Descobre que voar tem tanto de mágico como de assustador.
Mas ser feliz é planar em equilíbrio, aquele ponto no qual estamos alinhados
com o universo, não pendemos para lado nenhum, a não ser para o nosso centro
vital, onde um coração, no compasso certo, conta o tempo mais devagar. Não
tenhas medo, lagarta! Ainda que venhas a ser efémera, terás conhecido o voo da
felicidade.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...

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