O meu pai não se chama José, nem sequer acredita em
Deus. Mas é o ateu mais cristão que conheço e tem nome de profeta. Homem de
grandes virtudes, Eliseu demonstra mais do que diz, cumpre mais do que promete.
Podia ser mais generoso a distribuir beijos e abraços mas nem isso é defeito, é
apenas feitio. De todos os ensinamentos maiores, devo-lhe a liberdade de
escolha e de pensamento. Nunca me obrigou a ser ninguém que não sou, a fazer
nada a contragosto ou vontade. Ensinou-me sim a
liberdade, sinónimo de responsabilidade, e assim a tenho cumprido. Nunca me
impôs habilidades ou religião, curso, namorado ou profissão. Nessa tamanha
liberdade de ser, deixou-me uma só condição: se errasse, que soubesse lidar com
as consequências. Ainda assim, o desamparo nunca foi castigo e a mão invisível
de pai esteve sempre comigo, nas horas de maior aperto. Pai, és um bom homem e
um homem bom. Pai, agora grisalho, és um magnífico avô. Pai, na terra és grande
como o céu. E aqui és meu Pai, senhor Eliseu.
por Cláudia Sofia Sousa
Comentários
Enviar um comentário
Se gostou deste artigo, ou tem uma palavra a acrescentar, agradeço imenso que deixe o seu comentário.