Quarta-feira de cinzas. E ao sétimo dia a guerra continuou, apesar da quaresma anunciar um tempo de reconciliação e paz. Nada é mais certo de que somos pó e ao pó voltaremos. Todos, sem exceção. Escusado era interromper tantas vidas precocemente pela ambição cega de um só homem. Hoje, como cristã, ao receber a imposição das cinzas na Eucaristia, em sinal de arrependimento e conversão, pedi perdão por Putin e a sua conversão ao bem. Para quem não crê, parece ridículo, eu sei. Mas o caminho da paz nunca se construirá amaldiçoando o inimigo, antes invocando sobre ele o perdão, a misericórdia e a iluminação divina de que tanto precisa. Com o cérebro invadido pelas cinzas de uma Ucrânia em lágrimas, que todos os crentes sejam aliados em oração, para que a força invisível em que acreditam consiga sobrepor-se à escuridão. Enquanto o mundo for mundo, será eterna a luta do bem contra o mal. Neste perpétuo braço de ferro, façamos força do lado certo.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...
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