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New York, I Love You - Day 1

Aterro no Newark Liberty a meio de uma tarde fria de Janeiro. Apesar da baixa temperatura, o céu está limpo. Pela primeira vez, antes do trem de aterragem raspar o solo, consigo avistar os arranha-céus que me acenam do outro lado do rio Hudson.
As dezenas de passageiros que há instantes entupiam os estreitos corredores do avião, vão saindo a conta-gotas pela manga que se estende até ao interior do aeroporto. Os semblantes espelham alívio e liberdade. Terminou finalmente o cativeiro de quase sete horas sobre as nuvens. A claustrofobia latente dá lugar a uma onda de libertação. Esta sensação de liberdade dura não mais que uns breves segundos - uma fila quase interminável aguarda por nós nos serviços de imigração. Decorrida uma meia hora e ultrapassada a barreira fronteiriça, recheada de interrogatórios e digitalizações de palmas de mãos e dedos polegares, consigo avistar a rua e entrar num dos muitos táxis que anseiam pôr o taxímetro a facturar.
O taxista negro que me conduz exibe orgulhoso, na pala esquerda, uma referência ao seu país de origem. Estava longe de imaginar, tal como eu, que àquela hora um enorme sismo abalava a terra que o viu nascer. Cinco letras coloridas emergiam da pala em napa preta – Haiti. Ironia do destino. Não fosse ter ligado a CNN umas horas depois e ouvido a trágica notícia, jamais me teria lembrado do taxista haitiano que me descarregou no centro de Manhattan, à porta do Time Hotel, no cruzamento da Broadway com a 49th Street.
Descarrego as malas, alivio a bexiga e saio para a rua sem perder tempo. Estou novamente em Nova Iorque e, sem demoras, quero tomar o pulso à cidade. Dobro a esquina e lá estou eu novamente, quase em êxtase, no meio da Times Square. Rodopio a 360º e o meu olhar perde-se por entre a multidão que passa. O brilho das luzes intermitentes dos mega reclamos luminosos ofusca-me e ao mesmo tempo hipnotiza-me. É amor à primeira vista. Apaixonei-me da primeira vez que visitei Nova Iorque. E agora, é como que um regresso aos braços da pessoa amada, depois de uma longa e sofrida espera. New York, I Love You. And I always will.

Comentários

  1. Ola... Adorei os teus post sobre Ny.. Uma vez que foste em janeiro gosariase te perguntar em que hotel fiaste e se recomendas.. É verdade que janeiro é a epoca baixa de NY?

    Obrigada por tudo

    ResponderEliminar
  2. Ola..
    Adorei o teu post muito mesmo
    Tb estou a pensar em ir a NY em janeiro e gostaria de te perguntar se é verdade que em janeiro é a epoca baixa em NY..? E em que hotel fiaste? Recomendas?
    Beijinho e obrigada

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Carla! Obrigada pelo seu comentário.
      Sim, fica muito mais económico ir a NY em Janeiro, após os festejos do Natal e Passagem de Ano, chovem ofertas a preços baixos.
      Desta última vez que fui fiquei no "Time Hotel" na 49th street mesmo pertinho a Times Square: http://www.booking.com/hotel/us/the-time.pt.html?aid=311098;label=hotel-56080-us-Pid2ZYxb4J5AFvwbMJ7d9AS2869833707:pl:ta:p1:p2:ac:ap1t1:neg;ws=&gclid=CIiPq46Wz7QCFcG_3godJX8AJQ. Não sendo um hotel luxuoso, é simpático e tem uma óptima relação qualidade-preço, considerando a excelente localização. Não tive quaisquer razões de queixa, portanto recomendo sem problemas.
      Votos de uma excelente viagem!

      Eliminar

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