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Conto "Casa de Bonecas" - página 10

Nas paredes daquele grande salão ficaram gravadas as memórias do dia que havia de mudar o rumo de toda a sua vida. E isso inspirava Maria em cada um dos seus projectos. Sempre que necessitava de inspiração, recordava a conversa em que tinha dito a Dona Carlota que iria desenhar uma enorme casa só para si. Talvez movida pela crença de que o espírito da sua velha amiga a estaria sempre a ajudar, a inspiração acabava por surgir naturalmente, como que por magia.
Os anos foram passando: Primavera, Verão, Outono, Inverno e tudo de novo outra e outra vez. Maria tem vinte e oito anos numa tarde abafada de Verão. Está submersa em vários metros de esquiços que rascunham projectos de casas que hão-de nascer. Um pouco cansada, decide fazer uma pausa. Pega na caixinha de música que orgulhosamente exibe sobre a secretária e decide dar-lhe corda. Ao som da familiar melodia, abre a janela, deixando a brisa acariciar-lhe o rosto. Por entre as cortinas, que ficam a dançar ao ritmo do vento, Maria espreita a rua e fixa o olhar num imenso vazio. Subitamente é assaltada por uma saudade imensa da sua velha amiga. Ao mesmo tempo, sente um movimento brusco e acaricia a barriga. Maria espera para breve o nascimento do seu primeiro filho. É uma menina. E vai chamar-se Carlota.

FIM

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