Tudo me parece agora tão claro, como se finalmente tivesse escancarado as janelas da existência. Lá fora, a vida nunca deixará de ser um caos. O desafio é ser-se, dentro, caminho de harmonia, nascente de beleza, ponte entre as mãos que desejam unir-se. Agora compreendo que não posso, não devo, nem quero, agradar ao mundo inteiro. Essa será sempre a mais impossível e inglória das missões. O importante é a fidelidade aos meus princípios, aos meus propósitos, à verdade e liberdade que nasci para ser. A bondade dos meus gestos confirma-se nos que me rodeiam ficando sempre. Os outros desconhecem-me e não se pode amar quem não se conhece. Tudo o que fui e já não sou ensinou-me o essencial para persistir. No jogo da vida, não vale desistir, nem fazer batota. Perder ou ganhar é intermitentemente relativo. Só a distância temporal permite ajuizar resultados. A procura é inútil quando não sabemos quem somos. E tudo nos encontra quando arrumamos os medos e ressoamos confiança. Ao voltar a soprar as velas, é enorme a gratidão e são cada vez menos os desejos. Que a vida me ofereça mais tempo de cura e silêncio entre batalhas. E que o amor adormecido regresse, devidamente oxigenado, em múltiplos abraços beijados, depois de se abolirem as máscaras.
por Cláudia Sofia Sousa
Belíssima prosa!
ResponderEliminarA autenticidade e a veracidade conjuntamente com a maturidade são a fonte a sabedoria, concordo, assim como estou de acordo com a esperança que alimenta o sonhador que tem sempre a vontade de bem fazer!
Muito obrigada! 😊
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