Se daqui a um ano estivermos juntos, meu amor, haja ou não pandemia, quero celebrar o 14 de fevereiro em isolamento. Poupo-te as flores, o cartão romântico e o jantar à luz de velas. Dispenso as selfies com beijos e abraços propositados. Troco tudo pela tua atenção plena no meu sorriso. Descontaminados do mundo, só tu e eu, numa preguiça feliz, olhos nos olhos, pele com pele, sem telefones, obrigações ou outras distrações. Podemos fazer uma pausa para um brunch e recomeçar, numa contemplação síncrona, onde o amor é a verdade que ressoa a cada batida atlética dos nossos corações. Nos braços do silêncio, confortados pela paz, só tu e eu, meu amor, sem público nem fingimentos, com a bênção sagrada de São Valentim.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...
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