“A
persistência da memória”, Daniel Oliveira, 2013
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Interrompendo um ciclo de leitura de autores
premiados, decidi desanuviar com um estreante no romance: Daniel Oliveira.
Sobejamente conhecido do pequeno ecrã, este jovem comunicador de trinta e um
anos lança-se como romancista com “A persistência da memória” – nome
inspirado numa das mais célebres telas surrealistas de Salvador Dali.
Neste livro, Camila, a narradora e protagonista da
história, sofre de hipermnésia ou síndrome de memória superior, uma patologia
que a perturba e afecta, pela impossibilidade de eliminar do pensamento os
acontecimentos passados, que lhe perturbam o presente e lhe confundem o futuro.
Voando entre Lisboa, Rio de Janeiro e Nova Iorque, a personagem vai-nos
revelando os seus segredos – mesmo os mais inconfessáveis – e as passagens mais
marcantes da sua vida. Sem nunca roçar o brejeiro, nem recorrer ao vernáculo, o
autor descreve com erotismo e subtileza as cenas mais íntimas, conferindo-lhes
a dose certa de sensibilidade, intensidade e verdade para estimular a fertilidade
da imaginação do leitor. Daniel conhece bem as palavras e usa-as como pincéis
coloridos com os quais no vai pintando uma história de contornos ligeiros, mas
muito actual e carregada de mensagens com grande significado. Podia ser só mais
um best seller promovido por um rosto da TV, mas este romance é um excelente
pontapé de partida para um escritor com um enorme potencial a desenvolver.
“A
persistência da memória”, Salvador Dali, 1931, (MoMA) – Museu de Arte Moderna
de Nova Iorque
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