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Quilómetro zero

Fim de ciclo. Hora de despertar e renascer. Tempo de um novo recomeço. Um apelo à correcção de teimosos hábitos entranhados que nos adormecem os sentidos travando a evolução. Uma nova oportunidade de partir em busca de descobertas infinitas. As escolhas são sempre múltiplas e a aposta nem sempre certeira. A caça é tantas vezes feita de tiros ao lado. Mas perseguir um alvo é sempre um objectivo que nos move. Um passo em frente, um salto adiante, um pulo mais alto, um voo mais longe. Avançar é o verbo que sempre se impõe. Desejar. Sonhar. Lutar. Realizar. Por vezes perder. Escorregar. Cair. Sacudir o pó. Reerguer-se. Voltar a acreditar. De novo lutar. Esforço. Fraqueza. Quase desistir. Já falta pouco. Insiste. Se fores capaz de continuar, um dia chegas lá. Um dia hás-de ganhar. O prémio é continuar a ter tempo para fazer e refazer. Toda a vida, por mais longa que seja, será sempre uma obra frustrantemente inacabada. Desliga e volta a ligar. Reinicia o contador e acelera, rumo à próxima paragem.   

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Reportagem # 32

Jornal "Dica da Semana", edição regional Algarve, 29 de Janeiro de 2015

FRIDAY EATS

A refeição que pedala a rua à minha frente vai saciar o cansaço de alguém que trocou horas de fome por uns tostões. A energia que sobra é a da ponta dos dedos. Três toques no ecrã e o jantar está pronto. A marmita verde atravessa a cidade, pela força estoica do homem que não fala português. Também não precisa. Basta tocar à campainha e dizer a palavra mágica de significado universal. Num silêncio solene, digno de um requintado mordomo, abre o saco térmico e serve o jantar. O pobre senhor que ganha uns tostões, hoje sente-se um rei. Espreguiçado no sofá, a lambuzar-se num menu cancerígeno qualquer, reencontra um espasmo de felicidade. Ah, como é boa a sexta-feira! Mham 

VERSÃO 4.5

Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...