Fim de ciclo. Hora de despertar e renascer. Tempo
de um novo recomeço. Um apelo à correcção de teimosos hábitos entranhados que
nos adormecem os sentidos travando a evolução. Uma nova oportunidade de partir
em busca de descobertas infinitas. As escolhas são sempre múltiplas e a aposta
nem sempre certeira. A caça é tantas vezes feita de tiros ao lado. Mas
perseguir um alvo é sempre um objectivo que nos move. Um passo em frente, um
salto adiante, um pulo mais alto, um voo mais longe. Avançar é o verbo que
sempre se impõe. Desejar. Sonhar. Lutar. Realizar. Por vezes perder.
Escorregar. Cair. Sacudir o pó. Reerguer-se. Voltar a acreditar. De novo lutar.
Esforço. Fraqueza. Quase desistir. Já falta pouco. Insiste. Se fores capaz de
continuar, um dia chegas lá. Um dia hás-de ganhar. O prémio é continuar a ter
tempo para fazer e refazer. Toda a vida, por mais longa que seja, será sempre
uma obra frustrantemente inacabada. Desliga e volta a ligar. Reinicia o contador e acelera, rumo à
próxima paragem.
Dizem-me frequentemente que ainda tenho cara de menina, que ainda sou nova, que ainda tenho a vida à minha frente. Contudo, face à cronologia, é-me inevitável constatar que mais de metade do tempo que me foi concedido já passou. O que me resta já será provavelmente menos. Se isso me inquieta? Não em termos de medo, mais em termos de pressa. Já não é pressa de viver mas de realizar, de me realizar. Apesar de já ter plantado árvores, tido filhos e publicado livros, sinto-me ainda distante da potencialidade plena do meu propósito existencial. O que me falta realizar então? Talvez plantar mais árvores e escrever mais livros, já que a possibilidade de gerar filhos tem prazo de validade e a energia vital para os cuidar vai esmorecendo. Tudo o que me falta fazer parece-me tanto para o tempo que imagino à minha frente. Não cabem tantos livros e filmes e viagens e experiências nas décadas que imagino ainda poder viver. O meu maior conflito interior neste momento é já não ser nova para tanta coi...

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